sábado, 9 de abril de 2016

A história da minha Urko



O ano era 1990.

Nos meses anteriores ao meu aniversário eu estava com idéia fixa de ter uma arminha de chumbinho. Sim, porque só anos depois viria saber que o nome certo era carabina de ar comprimido.

Naquela manhã chuvosa de sábado, após os parabéns de praxe da família, meu pai perguntou: E aí, ainda quer a arma de chumbinho? Eu não demorei nem um décimo de segundo pra dizer que sim.

Daí lá fomos nós para a rua Uruguaiana, no centro do Rio. O destino era a extinta loja Camping Tur, que vendia material esportivo em geral, incluindo estilingues, e outros itens que o politicamente correto tem banido da vida das crianças e adolescentes de hoje(pobres criaturas, aliás).

Lembro que ao chegar no balcão meu pai disse: Esse cara aqui vai ganhar uma arma de pressão de aniversário hoje, vocês tem aí? O vendedor me trouxe um modelo bastante vendido, era uma Urko modelo III. Meu pai olhou, pegou e me perguntou se essa servia. Meu amigo, naquele momento qualquer coisa que cuspisse chumbo eu levaria pra casa rindo e feliz! Topei no ato.

Meu pai pediu duas caixas de chumbinho diabolô, e o vendedor trouxe. Eu vi a inscrição na caixa: 200 chumbinhos e  indaguei: Duas, pra que? Isso deve durar MUITO. Meu pai olhou pra mim, riu, e confirmou pro vendedor: DUAS.

Lá fomos nós pra casa. Meu pai colocou uma tábua de pinho do outro lado da sala, colou um alvo de papel que veio com a arma e regulou a mira, depois me ensinou a usar. No MESMO DIA foi-se embora a primeira caixa...

E desde então esta arminha está comigo, já atirou sei lá quantas caixas de chumbo e já destruiu infinitos objetos, nem todos intencionalmente...

Alguns anos atrás um amigo mais experiente na manutenção de armas de ar comprimido me ajudou a desmontar a velha Urko para trocar a infame bucha de couro usada originalmente, que àquela altura estava totalmente podre, e em seu lugar instalar uma bucha sintética, após o polimento do interior da câmara que é necessário para tal substituição. Aproveitei quando estava desmontada e lixei as rebarbas de fábrica, aliás confirmei a lenda de que ela é toscamente acabada, áreas escondidas onde não se passa a mão nem as rebarbas tiravam após a usinagem das peças.

Esta foi a única manutenção feita na Urkinha até hoje, apenas a dieta dela agora é de chumbo mais moderno e de melhor qualidade. A arma é a mesma e continua funcional, inclusive esta semana me ajudou a me livrar de um inconveniente rato que vinha comendo a ração dos passarinhos no quintal e tentando entrar em casa. Mas esta história fica para outro post...

Dito isto, não interessa que seja toscamente acabada, de tecnologia antiga e ultrapassada, eu não me desfaço desta arminha por mais que compre a PCP mais moderna, pois a história que ela carrega não tem preço.

Te vejo na trilha!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...