Foto de George Sears com seu rifle. |
No mundo do bushcraft temos várias referências e personagens importantes. Um deles é o tema deste post.
George Washington Sears nasceu em Massachusetts, em 02 de dezembro de 1821, o mais velho de 10 irmãos.
Durante sua infância um índio velho amigo da família se afeiçoou a ele, e o ensinou a caçar, pescar e acampar. Anos mais tarde, em sua homenagem, George adotou seu nome como pseudônimo em seus livros e nos artigos que escrevia para a revista Forest and Steam.
Sears acreditava que estar ao ar livre trazia muitos benefícios para a saúde, e sendo um homem pequeno, com 50 quilos, procurou provar que camping, canoagem e outras artes mateiras não eram privilégio de homens durões com aparência de lenhadores, o estereótipo do pioneiro americano.
Ávido campista, Sears costumava se aventurar em expedições de caça e pesca em Michigan, e aos 19 anos se alistou em um baleeiro para uma viagem com destino ao Pacífico Sul por 3 anos. Era 1841, o mesmo ano em que Hermann Melville(autor de Moby Dick) partia do mesmo porto, para as mesmas áreas de pesca.
Ao voltar, sua família se muda para a Pensilvânia, onde ele passará o resto de sua vida.
Sears, aos 59 anos, sofrendo de asma e tuberculose, convence o famoso fabricante de canoas J. Henry Rushton, de Nova Iorque, a fabricar uma canoa solo leve o bastante para ser carregada por ele.
Nesta época as canoas eram grandes e pesadas, e a dele tinha apenas 2,70m e pesava 5 quilos.
Com ela, aos 62 anos, Sears completou uma viagem de 428km pelos Adirondacks, inaugurando o conceito de camping ultra leve.
Ao longo de toda a década de 1880 seus artigos para a revista Forest and Steam enfocavam as expedições a bordo de canoas solo, com altas doses do que posteriormente se convencionou chamar de conservacionismo.
Em 1884 escreve o livro Woodcraft, que ainda hoje é impresso. Nele Sears resume as técnicas e ferramentas usadas em sua vida de aventuras, o que nos dá um fascinante panorama da vida ao ar livre em sua época.
No livro, aparecem desenhadas duas ferramentas cujo desenho é atribuído a ele. Uma faca utilitária, e uma machadinha de duplo fio. Segundo Sears, esta combinação seria melhor empregada do que as grandes e pesadas bowies que eram populares à época.
Ilustração no livro Woodcraft mostrando as ferramentas de sua escolha. |
Não se sabe se a criação da faca é dele, na verdade além da ilustração não há qualquer prova de que esta lâmina tenha existido realmente, mas Sears era conhecido por encomendar lâminas de acordo com suas especificações, como é o caso de sua machadinha. Esta foi encomendada a um fabricante de materiais cirúrgicos de Nova Iorque, e é possível que a faca tenha sido encomendada a este também.
Seja como for, a faca de Nessmuk hoje é reproduzida por uma infinidade de cuteleiros pelo mundo, e alguns alegam que sua geometria a tornam boa para uso até mesmo nas tarefas de cozinha, devido à curvatura.
Versão moderna da faca de Nessmuk. Fonte: Google Images. |
Sears faleceu em sua casa, em 1 de maio de 1890. Uma montanha no norte da Pensilvânia foi batizada com seu nome.
Túmulo de George W. Sears. Fonte: Google Images. |
Nessmuk, como é mais conhecido, se mantém como uma referência no mundo do bushcraft e do pioneirismo, o símbolo de uma época de ouro nas vastidões americanas, e sua história continua inspirando viajantes e aventureiros pelo mundo.
Te vejo na trilha!
muito legal seu blog andré
ResponderExcluirQue bom que gostou!
ExcluirAbraço.
Como sempre ótimos posts André! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado amigo!
ExcluirSears compensava as pouca quantidade de ferramentas que carregava com muita habilidade manual e experiência. Analisando as lâminas que ele carregava, creio que aqui nos trópicos seria sensato substituir o machado por um bom facão, não é mesmo?
ResponderExcluirAbraço!
Sim, na verdade essa tendência de super especializar equipamentos é coisa moderna, ao longo da história da humanidade as inovações tecnológicas proporcionaram materiais e equipamentos mais leves, mas curiosamente ao invés de carregar menos peso o homem passou a levar mais coisas.
ExcluirQuanto aos trópicos, se for analisar ao redor do mundo na linha do Equador todos os povos adotaram algum formato de facão desde que o trabalho com aço foi dominado. Aqui usamos o facão latino, na Indonésia e Malasia o Parang e suas variações, nas Filipinas o Bolo, e assim segue.
Conforme a latitude se afasta do Equador e se aproxima dos polos a vegetação é mais rala e as madeiras mais densas, daí o uso preferencial do machado.
Abraço.