quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um episódio surpreendente com final feliz e surpresas.


Todos que me conhecem sabem que não sou de poupar equipamentos, se tenho é para usar. Isto inclui minhas facas, mesmo as mais caras custom, o que assusta alguns.

Em consequência disso, recentemente danifiquei o fio da minha bowie, em uma ocasião em que eu realmente abusei dela, me esquecendo de que não é um machado.

Ao contatar o Callegari, ele imediatamente pediu para que lhe enviasse a faca, a fim de estudar as prováveis causas do incidente, razão pela qual ela ficou temporariamente de fora dos posts.

Em uma amostra de sua honestidade, antes mesmo de vê-la se ofereceu para trocar por alguma pronta em seu site, se fosse meu desejo. Obviamente recusei, só me interessava ter minha faca de volta em ação.

Após constatar que o dano havia sido apenas na parte externa do fio, me tranquilizou e reparou prontamente a faca, para isso diminuindo um pouco a barriga da lâmina perto da ponta, o que não afetou em nada seu desempenho, e curiosamente, a tornou ainda mais parecida com as bowies que ele costumeiramente fabrica.

O fio veio literalmente de fazer barba, e os menos detalhistas nem perceberão a diferença no contorno da lâmina.

Agora tente imaginar este tipo de tratamento vindo de uma empresa de cutelaria industrial. Aqui no Brasil ainda é impossível. Mas não acaba aí...

Jean callegari novamente demonstrou seu caráter após ter enviado a faca de volta, quando indagado quanto devia pelo serviço, me respondeu que nada, ele quem me devia, e ainda emendou dizendo que dentro da caixa haveria uma pequena compensação.

Para minha surpresa, ao abri-la constatei que ele havia me presenteado com uma pequena faca!

Sharp Finger, a topa tudo do velho oeste.


Trata-se de uma Sharp Finger, clássica utilitária usada na época do velho oeste por pioneiros e desbravadores.

Seu desenho inusitado se mostra muito inteligente pois encaixa perfeitamente na mão, dando muita firmeza e precisão nos cortes, o que justifica o sucesso numa época em que as coisas antes de tudo tinham que funcionar.

Sua lâmina é forjada a partir de um pedaço de mola de suspensão da kombi em que Leonel Brizola fugiu para o Uruguai na década de 60, um detalhe curioso.

O cabo é de celeron, material sintético extremamente resistente, diria indestrutível para o emprego na cutelaria.

A bainha, em couro, foi feita se aproximando ao estilo da bainha da bowie.

Faz sentido, duas facas de desenho clássico compartilhando o desenho das bainhas.

Desnecessário dizer que estou ansioso para cair no mato com ambas.

Te vejo na trilha!

7 comentários:

  1. Faltou contar como você estragou a faca... :)

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  2. Não é de espantar, pois o gringo é extremamente preocupado com a qualidade de suas facas. Um exemplo a ser seguido por nós, cuteleiros artesanais! Parabéns a ambos, e bons cortes com a nova peça - parece ser ótima, desconhecia o estilo. Abraço!

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  3. Muidoido, foi um abuso gerado pela superconfiança na faca que me fez perder o bom senso.

    A tarefa de corte a que ela foi submetida seria melhor com uma serra ou mesmo um machado.

    Sentei a lenha nela com um porrete tentando cortar outro tronco. Esta técnica é conhecida e muito utiliada, mas há que se saber os limites da ferramenta.

    Abraço.

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  4. Pois é João, o Callega é 10. Desde a encomenda da faca até este conserto, ele foi sempre muito solícito.

    Quanto à faquinha, muito afiada, parece que corta muito mesmo. Também não conhecia o modelo, mas gostei.

    Abraço

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  5. Ai Miranda. Fico feliz em ter te "compensado" pelo transtorno. A faca, certamente suportaria o abuso se tivesses usado a parte do fio proxima a guarda. Note que o perfil do fio é mais parecido com um machado. A ponta sempre é usada para trabalhos mais "delicados".
    Nem me fale. A preocupacao foi grande. Mas ela cumpriu sua missao, nao quebrou. Mesmo comum dentão no fio, tu continuou com uma faca que funcionava. Numa situaçãode sobrevivencia, é fundamental. Na minha carreira de cuteleiro, de pouco mais de 10 anos, e umas 400 facas feitas, foi a segunda.
    Voss, obrigado.
    Novamente, André, perdoe o transtorno. E muito obrigado pelas palavras.
    Abrassom

    Jean

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  6. Amigo, fico feliz em saber que, apesar do transtorno, ficastes satisfeito.
    O problema ocorrido, sinto. Mas ela se manteve funcional, mesmo com um dente. ISto é importante.
    Novamente peço desculpas.
    O fio na ponta é mais sensivel e mais agudo. É ali que tu usa pra fazer trabalhos delicados. Próximmo a guarda, o fio é mais para machado.
    A mola da kombi do tio brisa.. Eu guardo so pros amigos.. ;^)
    Voss, é o minimo qu epodemos fazer.
    E, André, a sua disposicao.
    Abrassom

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  7. Callega, eu sei que suas facas são o cão, sem querer desmerecer os nossos outros amigos cuteleiros.

    Como disse no post, sei que o vacilo foi meu, e ainda assim o dano na faca foi pequeno, se fosse uma faca comum seria lixo.

    Nesta vida, mais do que as relações comerciais, prezo as pessoais, e transformar fornecedores em amigos pra mim é um baita prêmio.

    Abração.

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