sábado, 4 de julho de 2015

Uma noite em Puerto Iguazu

Continuando a história contada no último post, ficaria reservada para sábado a visita a Puerto Iguazu, a charmosa cidade argentina que é famosa por seus bons restaurantes e lojas de queijos e vinhos.

Na tarde de sexta, depois de voltarmos do centro de Foz a temperatura caiu e começou a cair uma chuvinha fina, que nos fez cancelar os planos de sair e conhecer a vida noturna de Foz. No telejornal a apresentadora anunciava a chegada de uma massa de ar polar que poderia trazer temperatura de zero grau para a região nos próximos dias. Decidimos que não cancelaríamos nosso passeio, mas teríamos que usar várias camadas de roupa. A Milla acabou comprando uma legging na lojinha do hotel, por garantia.

Em conversa com nosso guia no hotel, descobrimos que a cidade de Puerto Iguazu praticamente some durante o almoço e boa parte da tarde para a siesta, com as lojas reabrindo por volta das 17:00h, então não faria sentido passarmos o dia todo por lá, como era nossa intenção quando desistimos das cataratas. Combinamos então uma ida à cidade neste horário no sábado, faríamos uma visita às lojas, à feirinha e um jantar no restaurante mais famoso da região. O passeio saía por 180 reais e ele ficaria conosco todo o tempo(4 horas a partir da chegada na cidade).

Piscina aquecida em outra parte do resort.
Após nosso café, e tendo a maior parte do dia livre, decidimos andar sem pressa pelo hotel e almoçar por lá. Andamos pelas partes não exploradas e descobrimos piscinas aquecidas, lago para pesca e trilha para crianças com direito a arvorismo e tirolesa(que acabamos não indo ver). Perguntamos na recepção e naquele dia o almoço seria feijoada, prato do qual gostamos mas que não era o que queríamos, até porque na semana anterior havíamos feito uma em casa no meu aniversário.
 
Lago na outra ponta do hotel.

Mudamos os planos novamente e voltamos na agência. Queríamos apenas um bom almoço em um restaurante, nada de churrascaria ou feijoada, e nosso amigo(a esta altura já havíamos conversado bastante com o guia) nos indicou um self service muito bom no centro. O transporte sairia a 30 reais, só ida. De lá pegaríamos um taxi para voltar. Nós topamos. Você lembra da pergunta que ele me faria? Pois é, ele perguntou em que ano foi criado o Parque Nacional do Iguaçu(1939), e eu ganhei a volta do almoço de graça. Aliás ele ficou com a gente o tempo todo e ainda parou na Três Fronteiras, que vende muitos souvenires bonitos e chocolate caseiro. E eu tenho problemas quando tem chocolate envolvido.

Saímos de lá com alguns itens novos de decoração e chocolates para nós e para presente, e fomos descansar até a hora da saída.

Barrigudinho que trouxemos da loja de souvenir.

Detalhe do cinzeiro.

A coleção de objetos africanos vai aumentando.
Puerto Iguazu

Prevendo a baixa temperatura fizemos uma grande seleção de roupas. Eu separei três camisas de manga longa, sendo a última de flanela, além de ceroulas, uma calça jeans, meias grossas e minhas botas novas. A Milla também de embrulhou toda para não passar frio.

Minhas camadas de roupa para a saída noturna.

Boa oportunidade de estrear a bota nova.
Na fronteira argentina é obrigatória a apresentação de documento com foto, e com menos de 10 anos de emissão. Fiz questão de levar meu passaporte, emitido há dois anos por conta de uma possibilidade de trabalho e nunca usado.

Prestes a atravessar a fronteira argentina.
 
Passaporte estreado!
Antes da cidade passamos em frente ao Duty Free Shop, do qual muito ouvimos falar mas que também não estava em nossos planos.

Fachada do Free Shop argentino.
Puerto Iguazu tem várias ruas tranquilas com boas casas, mas a economia em geral não está nos melhores dias, a crise do país também chegou às cidades turísticas. Passamos por  diversos hostels e alguns pareciam bem charmosos. Talvez no futuro a gente volte e fique em um deles.

A visita ao marco das três fronteiras argentino proporcionou uma vista diferente do Rio Iguaçu e outra do Rio Paraguai, além da vista dos marcos paraguaio e brasileiro ao longe.

Marco argentino e as bandeiras dos três países.

Obelisco argentino.

Do outro lado do rio fica o marco brasileiro.

Na margem esquerda do rio Paraguai fica o marco daquele país.
Chegando à Avenida Brasil, que é a rua principal de comércio no centro de Puerto Iguazu, nossa primeira parada foi no Almacén Gourmet, um sofisticado fornecedor de vinhos, queijos e embutidos. Ali o dono nos recebeu e ofereceu degustação de vários de seus produtos e uma verdadeira aula sobre os vinhos argentinos, especialmente os Malbec. Os preços eram muito bons, saímos de lá com cerca de um quilo dividido entre um excelente queijo Sardo(similar a um Grana Padano italiano) e uma igualmente deliciosa Bondiola(similar à nossa Copa), ao custo total de 50 reais. Nos arrependemos de não ter trazido nenhum vinho, pois haviam vários igualmente bons e com bons preços.

A famosa Avenida Brasil de Puerto Iguazu.

A bela vitrine de frios da Almacén Gourmet. Resista se puder.

O nome não deixa dúvidas a respeito da especialidade da casa.

Do outro lado da rua encontramos a Montana Cueros, fabricante de roupas em couro de vários estilos. Haviam jaquetas, casacos, sobretudos de várias cores e desenhos, todos com preço justo. Assim como elas haviam outras lojas, das quais não guardamos os nomes. Não trouxemos nada pois não consideramos que o investimento seria interessante para quem mora no Rio e é calorento.

Vitrine de uma das casas de couro. Vale a pena visitar mesmo que não se compre nada.
De lá seguimos para a famosa feirinha, e ficamos de certa forma decepcionados. Esperávamos bancas com salames, queijos e petiscos artesanais estilo feira da Providência no Rio e encontramos algo mais parecido com camelôs de produtos normais argentinos, que não nos atraíram. Alguns brasileiros mais corajosos encaravam petiscos nas barracas de rua, mas nós passamos a oportunidade.

Cozinha argentina

A atração principal da noite foi o jantar no restaurante El Quincho del Tio Querido. Quincho é como tradicionalmente é chamada a área de lazer do argentino, ou cozinha fora de casa, com churrasqueira e outras facilidades para reuniões.

O restaurante tem decoração rústica, e conta com um palco onde são feitos shows e apresentações. Aos sábados tem tango, mas voltamos antes de começar.

O charmoso interior do restaurante.
Os garçons falam um portunhol  melhor que o nosso, são simpáticos e atenciosos. No cardápio o forte são os assados, como a Parrillada, famosa carne na chapa que hoje em dia também é figura fácil em restaurantes do Brasil.

Seguimos as sugestões do Alfredo, nosso garçom, que recomendou como petisco a linguiça calabresa na brasa com queijo provolone temperado, acompanhados de pão e molho chimichurri. Tudo estava perfeito, e a Milla aproveitou para perguntar qual o segredo do molho argentino, bem distinto dos encontrados no Brasil.

O petisco estava muito bom, precisamos fazer este molho em casa.
Como acompanhamento pedimos uma Patagonia, saborosa cerveja Lager de cor âmbar.

Patagonia, provada e aprovada. Só falta acharmos no Brasil.
O prato principal consistia de bifes de chorizo(o nosso contra filé, cortado de outra forma) ao ponto, arroz branco e papas mil hojas(estas consistiam de rodelas de batata com um espesso molho branco com queijo, gratinadas).

Quando o jantar chegou estava tão bonito que deu até pena de cortar, mas o sabor era ainda melhor que a aparência. A carne foi a mais saborosa e macia que eu já provei, mal precisava usar a faca para cortar, apesar da altura do bife.

O bife de Chorizo. Um espetáculo de carne.

As batatas estavam muito boas também.

Uma amostra do tamanho e suculência da carne. Deu saudade.
Ao fim da maravilhosa experiência o custo foi de 600 pesos, algo equivalente a 230 reais, valor que considero muito bom levando em conta a qualidade e quantidade de comida. No Rio de Janeiro já gastei mais para ficar bem menos satisfeito.

Na saída do restaurante descobrimos que a temperatura era de 6 graus, mais do que esperávamos e eu estava com mais roupas do que precisava, mas valeu a experiência. Antes disso a temperatura mais baixa que peguei havia sido 9 graus, aqui em casa no inverno. Foi bom para testar meu esquema de camadas de roupa.

Retornamos ao nosso hotel e após um gostoso banho quente dormimos. Na manhã de domingo o tempo estava novamente chuvoso, e o ponto alto do dia foi novamente o café da manhã. Agendamos o transporte para o aeroporto com a agência para 10:00h e arrumamos nossas malas para a volta.

A partida

Chegando ao aeroporto minha primeira impressão do aeroporto se confirmou. Não há espaço nem estrutura para a quantidade de passageiros que passam ali diariamente, e tivemos que esperar fora da área de embarque até o horário aproximado do voo pois o balcão de bagagens da Gol não tinha onde guardar tantas malas.

Após esta etapa perdemos mais de 15 minutos na fila do raio x pois só haviam duas máquinas disponíveis. Alguns passageiros tiveram que ser removidos da fila por funcionários das companhias aéreas pois a mesma estava retendo o voo. Inaceitável em um aeroporto internacional.

Passada esta fase aguardamos o nosso embarque, feito novamente a pé pela pista. Senti vergonha deste aeroporto, que precisa de investimento rápido pois a região é famosa no mundo todo e a tendência é sempre aumentar o fluxo de turistas.

O congestionado embarque na pista em Foz. Sorte que não choveu.
Conclusão

Foi uma viagem muito boa, que nos proporcionou experiências únicas, e apesar dos contratempos foi muito interessante. A Argentina deixou saudades, tanto por sua gastronomia quanto pela calorosa recepção que tivemos.

Recomendo a todos uma visita. Ficamos com a vontade de no futuro voltar e passar um tempo nesta pequena cidade argentina que aprendemos a admirar.

Te vejo na trilha!

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