quarta-feira, 28 de março de 2012

George Washington Sears - O Nessmuk

Foto de George Sears com seu rifle.
No mundo do bushcraft temos várias referências e personagens importantes. Um deles é o tema deste post.

George Washington Sears nasceu em Massachusetts, em 02 de dezembro de 1821, o mais velho de 10 irmãos.

Durante sua infância um índio velho amigo da família se afeiçoou a ele, e o ensinou a caçar, pescar e acampar. Anos mais tarde, em sua homenagem, George adotou seu nome como pseudônimo em seus livros e nos artigos que escrevia para a revista Forest and Steam.

Sears acreditava que estar ao ar livre trazia muitos benefícios para a saúde, e sendo um homem pequeno, com 50 quilos, procurou provar que camping, canoagem e outras artes mateiras não eram privilégio de homens durões com aparência de lenhadores, o estereótipo do pioneiro americano.

Ávido campista, Sears costumava se aventurar em expedições de caça e pesca em Michigan, e aos 19 anos se alistou em um baleeiro para uma viagem com destino ao Pacífico Sul por 3 anos. Era 1841, o mesmo ano em que Hermann Melville(autor de Moby Dick) partia do mesmo porto, para as mesmas áreas de pesca.

Ao voltar, sua família se muda para a Pensilvânia, onde ele passará o resto de sua vida.

Sears, aos 59 anos, sofrendo de asma e tuberculose, convence o famoso fabricante de canoas J. Henry Rushton, de Nova Iorque, a fabricar uma canoa solo leve o bastante para ser carregada por ele.

Nesta época as canoas eram grandes e pesadas, e a dele tinha apenas 2,70m e pesava 5 quilos.

Com ela, aos 62 anos, Sears completou uma viagem de 428km pelos Adirondacks, inaugurando o conceito de camping ultra leve.

Ao longo de toda a década de 1880 seus artigos para a revista Forest and Steam enfocavam as expedições a bordo de canoas solo, com altas doses do que posteriormente se convencionou chamar de conservacionismo.

Em 1884 escreve o livro Woodcraft, que ainda hoje é impresso. Nele Sears resume as técnicas e ferramentas usadas em sua vida de aventuras, o que nos dá um fascinante panorama da vida ao ar livre em sua época.

No livro, aparecem desenhadas duas ferramentas cujo desenho é atribuído a ele. Uma faca utilitária, e uma machadinha de duplo fio. Segundo Sears, esta combinação seria melhor empregada do que as grandes e pesadas bowies que eram populares à época.

Ilustração no livro Woodcraft mostrando as ferramentas de sua escolha.

Não se sabe se a criação da faca é dele, na verdade além da ilustração não há qualquer prova de que esta lâmina tenha existido realmente, mas Sears era conhecido por encomendar lâminas de acordo com suas especificações, como é o caso de sua machadinha. Esta foi encomendada a um fabricante de materiais cirúrgicos de Nova Iorque, e é possível que a faca tenha sido encomendada a este também.

Seja como for, a faca de Nessmuk hoje é reproduzida por uma infinidade de cuteleiros pelo mundo, e alguns alegam que sua geometria a tornam boa para uso até mesmo nas tarefas de cozinha, devido à curvatura.

Versão moderna da faca de Nessmuk. Fonte: Google Images.
Sears faleceu em sua casa, em 1 de maio de 1890. Uma montanha no norte da Pensilvânia foi batizada com seu nome.
Túmulo de George W. Sears. Fonte: Google Images.
Nessmuk, como é mais conhecido, se mantém como uma referência no mundo do bushcraft e do pioneirismo, o símbolo de uma época de ouro nas vastidões americanas, e sua história continua inspirando viajantes e aventureiros pelo mundo.

Te vejo na trilha!

6 comentários:

  1. Como sempre ótimos posts André! Parabéns!

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  2. Sears compensava as pouca quantidade de ferramentas que carregava com muita habilidade manual e experiência. Analisando as lâminas que ele carregava, creio que aqui nos trópicos seria sensato substituir o machado por um bom facão, não é mesmo?
    Abraço!

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    Respostas
    1. Sim, na verdade essa tendência de super especializar equipamentos é coisa moderna, ao longo da história da humanidade as inovações tecnológicas proporcionaram materiais e equipamentos mais leves, mas curiosamente ao invés de carregar menos peso o homem passou a levar mais coisas.

      Quanto aos trópicos, se for analisar ao redor do mundo na linha do Equador todos os povos adotaram algum formato de facão desde que o trabalho com aço foi dominado. Aqui usamos o facão latino, na Indonésia e Malasia o Parang e suas variações, nas Filipinas o Bolo, e assim segue.

      Conforme a latitude se afasta do Equador e se aproxima dos polos a vegetação é mais rala e as madeiras mais densas, daí o uso preferencial do machado.

      Abraço.

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