domingo, 17 de julho de 2011

Caiacada frustrada e lições aprendidas.

Pesca com caiaque. O objetivo do grupo eram as ilhas ao fundo.
Quem acompanha minhas postagens no Twitter já reparou que o tema caiaque está em alta. Tenho me reaproximado desta atividade que era uma constante em minha rotina alguns anos atrás.

Com isto estou conhecendo pessoas com o mesmo gosto pelo hobbie, que se encontram para passeios, pescarias e até mesmo expedições maiores.

O primeiro passeio que marquei foi cancelado pelo mal tempo. No segundo parecia que o tempo estaria perfeito, e estava. Mas aí entraram em cena fatores pessoais que também estragariam um belo programa.

Foi assim:

Na véspera da saída houve uma pequena festinha na casa da namorada, ocasião em que não resisti ao congraçamento etílico e acabei não sendo moderado. 

Noite mal dormida, para piorar fui ultra light na hora de comer de madrugada antes de sair, coisa que estou careca de saber que não dá certo desde meus tempos de remador aos 16 anos.

Fui assim mesmo, na cara e na coragem, e acabei levando poucas coisas, outra atitude contrária ao que normalmente faço em minhas aventuras. Caso tivesse um lanchinho básico teria ficado muito melhor.

Preparativos finais para a caída.
O resultado é o adivinhado pelas fotos postadas pelos amigos, apareço no início e depois nada, em 10 minutos remando me veio a ressaca com toda força, enjôo danado e perda de força de quase 100%.

Vomitei duas vezes, e fiquei quietinho enquanto todo mundo pescava. Estava tão lerdo que quase cochilei no caiaque, momento em que uma marolinha sorrateira me virou.

Lá se foram os óculos, viraram oferenda, hehehe. As demais coisas estavam bem amarradas.

Última foto dos óculos e da câmera. Mar calmo como piscina ao fundo.
Vi que estava realmente ruim, e devido à quase ausência de correnteza, literalmente deitei por cima do caiaque pra dar uma descansada enquanto não melhorava. Passaram-se longos momentos e nada.

A esta altura tinha derivado uns 100 metros do pessoal, que já tentava fazer contato comigo.

Entrei no Mistral novamente e fui em direção a eles, mas antes da metade bateu o enjôo com força e vi que meu estado era realmente precário, precisava ir para terra firme antes que não tivesse mais forças.

Apontei para a praia e tentei ir moderadamente, para não provocar mais enjôos, mas não deu certo, a esta altura não havia nada além de água para colocar para fora, cheguei a expelir bile, foi um momento tenso.

Caía a ficha de que apesar de relativamente perto a praia estava fora de alcance sem ajuda. Me imaginei ali sozinho, certamente estaria com sérios problemas.

A praia, perto mas aparentemente inacessível em minhas condições.

Foi logo após esta hora que ouvi o motor do bote do Marcos, também do grupo, mas que não quis ir de caiaque, nos encontraria mais tarde. Vi que ele vinha em minha direção. Os companheiros certamente avisaram a ele que eu devia estar mal, suspeita que se confirmou quando ele me alcançou.

Subi no bote, com muita dificuldade, como se pesasse 250 quilos, peguei o cabo de 8mm que sempre levo na mochila, e o prendi com um mosquetão na proa do caiaque para ser rebocado, ganhei uma salvadora carona até a poucos metros da margem.

O bote que foi minha salvação.
Dali ainda demoraria uns 30 minutos até estar com tudo arrumado no carro e voltar para casa.

Lições aprendidas/reforçadas:

1 - Preparação é tudo, e o tempo passa, não dá para abusar do corpo como se tivesse 16 anos, noite mal dormida+abuso de álcool=programação cancelada, não pode ser diferente.

2 - Tenho que montar um kit bem definido para aventuras no mar, como faço em terra. Deixar para pensar nisso na noite da véspera é cagada certa. Para complementar a falta de planejamento de equipamento, o saco estanque que levei para a câmera estava vazando por ser antigo, e era menor do que o necessário, ocasionando uma pane no mecanismo de retração da lente. Em outras palavras, estou sem câmera até que compre outra.

3 - O Mistral não serve para pesca sem uma série de adaptações, e sua falta de encosto no assento começa a ser um verdadeiro problema para mim. Preciso definir se vale a pena projetar soluções para ele ou partir para outro.

A idéia de um caiaque a vela com estabilizadores já era muito atrativa, agora então ganhou força. Hoje teria me virado apesar do mal estar.

4 - A Mora foi no meu pescoço, pendurada em um pedaço de capa de paracord. Esta forma de carregá-la é realmente muito confortável e prática, será a oficial. Descobri ainda que ela bóia, durante a virada. Apesar do dia inteiro dentro da água salgada, ao chegar em casa não havia nenhum sinal de mancha de oxidação, prova da qualidade do aço inox Sandvik 123. Assim que entrei em casa ela foi devidamente lavada com água doce, seca e guardada.


E assim terminou um passeio que tinha tudo para ser show, com tempo perfeito, mar calmo, de temperatura agradável e muito nítido, e companheiros animados.

Recado anotado, falta compensar com outro passeio em condições ideais.

Mais uma vez bato na tecla, segurança é algo que precisa ser posto em prática a cada dia, uma vez que você alivia algo pode dar muito errado! Não esqueça disso.

Te vejo na trilha!

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